quinta-feira, 4 de outubro de 2007

CACHAÇA DE CABEÇA




A que sai do alambique pela parte mais alta, a cachaça de cabeça, dizem os especialistas, é a mais pura, daquelas que não se sente queimar na garganta ao beber, e, no dia seguinte, não dói na prórpia cabeça.

Ultimamente as coisas do espírito têm sido tratadas de maneira um pouco diferentes. Confunde-se a pureza, que é uma espécie de espontaneidade bem elaborada, sinal de maturidade e segurança emocional, com assepsia-espiritual, que é uma espécie de medo incontrolável do erro e da punição.


Cachaça demais faz mal ao fígado, cachaça de menos, faz mal à alma. Não. Não firmei convênio com nenhuma indústria de bebidas. Cachaça, aqui, significa a própria espiritualidade, algo capaz de nos fazer sentir mais à vontade com esta existência, às vezes tão estranha e complicada. Cachaça aqui é sinônimo de meditação, yoga, filosofia, liberdade, palavras que, infelizmente, cada vez mais, têm sido associadas à limpeza-hospitalar, como se precisássemos mesmo viver em constante estado de emergência, numa interminável cirurgia.

Aprendi a fazer da reflexão um exercício diário. Por isso chamei a este curioso espaço virtual "diário". Não que tenha um assunto novo todos os dias para compartilhar, mas que tenha sempre algum assunto, isto sim. Assunto, pelo que dizem, é o que não me falta.

E então, aqui estou, a despir-me em palavras e a fazer-me ver, mais do que despido, não somente pelo bem da humanidade, para o qual pretensiosamente desejo contribuir, mas para o meu próprio bem. Dizia um tal Richard Bach que o que ensinamos é o que mais precisamos aprender. Até a próxima!

- No próximo post contarei meu encontro com Manishanada, a mulher santa da Índia -














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